sábado, 30 de janeiro de 2010

Realidade Plausível


Se eu soubesse exatamente por onde começar, eu começaria.
Se eu achasse a ponta do novelo... Se começo a lavar a louça pelos copos ou pelas panelas.
Se eu tivesse certeza de qual caminho me levaria ao lugar certo. E se eu não tivesse medo, eu o faria...
Mais esse novelo tem muitas pontas, a faca tem vários gumes, e a bagunça da louça esta tanta, que eu, honestamente, não sei por onde começar.
Fora o fato de oscilar entre a vida de paz, sossego, de sustentabilidade, saúde de um Hippe naturalista e o desejo de querer ter o chuveiro aço inox de 60 centímetros de diâmetro que custa
R$ 23.353, que eu vi na revista que custa R$ 15,90. Lindo, moderno...
Se eu soubesse onde começar para chegar ao topo da elite brasileira ou ao topo da paz espiritual e mental, com toda certeza eu F A R I A A A (gritando).
Eu não conheço nenhuma sociedade Hippe naturalista, posso vir a procurar saber, mais acho que minha família não entenderia.
Nunca gostei muito muito de estudar, minha nota do enem não foi das melhores...
O que fica pra mim é a ansiedade corroendo meu estômago e meu cérebro, a ansiedade de querer fazer milhões de coisas e não conseguir fazer nada, a ansiedade de estar no morno, no meio, meio que ganhando uma grana, meio que em paz, meio que fazendo o que gosta, meio que amando. Mais quando chego em casa depois do trabalho, não existe amor, não existe grana, não existe paz, e nada disso me agrada.
Fico com todos os desejos do mundo me devorando a mente, D E V O R A N D O de verdade, sinto a pulsação acelerar, o sangue ferver, e os sonhos navegando dentro da minha cabeça.
Centenas de milhares de milhões de formas de como começar; como arrumar um trabalho que eu ganhe melhor, que horário dá pra fazer o curso (Mais nunca dá...), que jeito eu posso fazer pra começar a faculdade, o que eu tenho que dizer pra me casar com o homem que eu quero...
Muitos, muitos jeitos de se fazer, muitas palavras pra se dizer. Para mudar o mundo, o meu mundo.
E dentro de mim tudo é possível e mágico e belo, ainda que seja difícil...
E quando eu to no auge dos pensamentos mais gloriosos dos finais mais românticos e sublimes e incrivelmente felizes... Eu R A C I O N A L I Z O tudo, só vejo chão duro, fatos e pedras.
E passado esse turbilhão de pensamentos e emoções, eu gozo o prazer de estar vivo e ser real.
Meu telefone toca. É uma amiga. Vamos tomar uma cervejinha...

Amanda Cellis

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Eve


O que for leve
Que se releve
Que se leve
O peso que tem de levar
Leve o peso
Que tem de buscar...

Amanda Cellis

De ser só


Eu e eu...
Eu e minha tarde
Eu e minha mesa
Minha xícara
Meu chá
Os meus eus
Juntos a cantarolar

Amanda Cellis

sábado, 16 de janeiro de 2010

Dor


Eu odeio acima e a respeito de tudo
Essa saudadezinha vazia
Esse meu coração apertado
Eu odeio...

Eu odeio a minha alegria tosca
Ao sinal de qualquer carinho
Eu odeio esperar
E ter esperança.

Odeio que não tenha fim
Odeio o coração acelerado
E sobre tudo essa falta sem sentido

Odeio o meu perdão
E qualquer lembrança
que transborde meu coração de afeto

Odeio meu contentamento de miséria
E de gostar do pouco
Ao invés do todo...

Odeio muito meu sorriso satisfeito
Por um gesto minúsculo e simples
Odeio a ausência
e odeio gostar da presença

Odeio minha culpa
minha cisma
Odeio o que você me causa
Odeio esse amor!

Amanda Cellis

sábado, 2 de janeiro de 2010

Instante




Nada em volta de nada
nada por cima de nada
segundos
minutos
horas a nada.
Pensamento em nada
Sentimento em nada
Esperando mais nada

Nada.
Nada...

Implorando para acontecer!

Amanda Cellis