terça-feira, 2 de novembro de 2010

Sacana


Eu sou tão bacana e ser bacana
Não dá grana
Não dá fama
Não dá fruto
Nem dá flor
Dá na cama
Pensando que ser bacana
Gera amor.

Amanda Cellis

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Paixão


escrevo e pronto
escrevo porque preciso

preciso porque estou tonto

ninguem tem nada com isso

escrevo porque amanhece

e as estrelas la do céu

lembram letras no papel
quando o poema me anoitece
as aranhas tecem teias
os peixes beija e morde o que vê
eu escrevo apenas tem
que ter porque?


Paulo Leminski

terça-feira, 27 de julho de 2010

domingo, 27 de junho de 2010

Porções


Havia uma porção de mesas e cadeiras
E uma porção de pessoas
enfeitiçadas com uma grande porção de sonhos
Comendo uma porção e meia de batatas fritas
E a vida passava por lá levemente
E quem olhasse para dentro, via
Que ser feliz era simples
Uma porção de pessoas ria...

Amanda Cellis

Inusitado


O beijo que beijou a boca
Que beijou a face
E matou a fome
Devorou teu nome
Digeriu minha paz...
Amanda Cellis

quinta-feira, 24 de junho de 2010

De ser simples


..,Viver dói
Dá vertigem
Despenteia
.............,teia
.............,teia
......,Chateia

Viver encanta
...Dá samba
............Goza
...............oza
.,,............oza
.Cor de rosa...

Amanda Cellis

Engasgo!


- Eu vi você verde, vermelho, azul,roxo!!
- Ah é? e por que você não me salvou?!
- Fiquei viajando nas cores...
Esqueci de te salvar...
- Ai credo!!

(conversa com uma amiga...)

quarta-feira, 16 de junho de 2010

De viver


Dor gratuita
e vontade de morrer
Dor gratuita
é vontade de viver

Dor de contorcer
Até que vire flor
e não vire tédio

Que vire ódio
Que vire amor

Flor dor
Dor flor
Flor flor flor...

Amanda Cellis

segunda-feira, 31 de maio de 2010

Desconforto


Sapato novo
machuca o pé
Colchão novo
Dá dor nas costas

A novidade causa
um desconforto
Quase desumano

Mas se você pensar...
É tão bonito de se olhar!

Amanda Cellis

terça-feira, 30 de março de 2010

(*)



Antes eu conseguia causar
algum encantamento.

Agora, de repente.

Eu só consigo ser eu...

Amanda Cellis

quinta-feira, 18 de março de 2010

Edição Ilimitada


O céu limita minha altura
Me limita a nuvem
Que não se limita a chuva
Chuva que limita a roupa
Existência que não se limita a Deus
Deus que se limita a sentir
Pessoas me limitam SER
Eu limito pessoas
Que limitam gestos
Que limitam a fala
Fala que não se limita ao som
Som que não se limita a crer
Crença que limita a dúvida
Dúvida que limita a crer
Distância limita o toque
Toque que não se limita a pele
Universo limita o conhecimento
Conhecimento não tem limite
Limite que limita o mundo
Mundo que limita agir, falar, escrever, voar...
Moralismo que limita amar, crer, dançar...
Movimento que não se limita ficar parado.
Só o pensamento é ilimitado.

Amanda Cellis

terça-feira, 9 de março de 2010

Judiaria


O cabelo dele voa junto ao vento
E o meu olhar segue...
E até sua canalhice me encanta
O sorriso dele sempre conquistando fãs
E cada palavra dele me rouba o dia...

Me traz amor
Me traz horror
...
Judiaria.

Amanda Cellis

Dos mundos


E tem essa saudade errante
Tosca, imbecil, dolorosa
Nostálgica, confortante...
Passada, revivida, repassada
Presente, terminada em meio ao dia

E tem essa vitalidade nova
Presente, convincente, certa
Viva, iluminada, amanhecida
Óbvia, tentadora, perfumada
sonhada... em meio ao dia

Eu não sei qual realidade seguir
A cada minuto uma sensação me arrebata

Amanda Cellis

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quietinho


Eu guardo amor em risinhos.
Em frestas de azulejos.
Em gavetas de criado mudo
e escrivaninhas...

Eu guardo amor em frasquinhos.
Em caixinhas...
Guardo amor em vãos de porta.
Nos espacinhos do teclado.

Eu guardo amor em palavras escritas,
e algum amorzinho escapa em palavras ditas...
Eu guardo no vão dos dedos.
Em baixo das unhas...

Eu guardo amor em caixinhas de fosforo.
Em garrafas de cerveja...
Em piadinhas irónicas.
Eu guardo amor no piscar de olhos
Em relance, em rabo de olho...

Pouca gente vê.
Mais ele está lá.


Amanda Cellis

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O crime


Os criminosos se olham culpados
por cometer um crime irresistível
Ele carrega um ar receoso
E ela um coração dilacerado...

Mas o sorriso se mantem lascivo e libidinoso
As palavras saem miúdas e regradas
Para o crime não ser descoberto
O ar, o som, o tom, o riso, o olho
Tudo os delata....

Os criminosos se olham culpados
Por gostar de friozinho na barriga
E coração acelerado...
Por tornar a vida uma aventura
Por ceder a suas paixões
E as suas vontades

Os criminosos se olham...
Descarados.

Amanda Cellis

sábado, 30 de janeiro de 2010

Realidade Plausível


Se eu soubesse exatamente por onde começar, eu começaria.
Se eu achasse a ponta do novelo... Se começo a lavar a louça pelos copos ou pelas panelas.
Se eu tivesse certeza de qual caminho me levaria ao lugar certo. E se eu não tivesse medo, eu o faria...
Mais esse novelo tem muitas pontas, a faca tem vários gumes, e a bagunça da louça esta tanta, que eu, honestamente, não sei por onde começar.
Fora o fato de oscilar entre a vida de paz, sossego, de sustentabilidade, saúde de um Hippe naturalista e o desejo de querer ter o chuveiro aço inox de 60 centímetros de diâmetro que custa
R$ 23.353, que eu vi na revista que custa R$ 15,90. Lindo, moderno...
Se eu soubesse onde começar para chegar ao topo da elite brasileira ou ao topo da paz espiritual e mental, com toda certeza eu F A R I A A A (gritando).
Eu não conheço nenhuma sociedade Hippe naturalista, posso vir a procurar saber, mais acho que minha família não entenderia.
Nunca gostei muito muito de estudar, minha nota do enem não foi das melhores...
O que fica pra mim é a ansiedade corroendo meu estômago e meu cérebro, a ansiedade de querer fazer milhões de coisas e não conseguir fazer nada, a ansiedade de estar no morno, no meio, meio que ganhando uma grana, meio que em paz, meio que fazendo o que gosta, meio que amando. Mais quando chego em casa depois do trabalho, não existe amor, não existe grana, não existe paz, e nada disso me agrada.
Fico com todos os desejos do mundo me devorando a mente, D E V O R A N D O de verdade, sinto a pulsação acelerar, o sangue ferver, e os sonhos navegando dentro da minha cabeça.
Centenas de milhares de milhões de formas de como começar; como arrumar um trabalho que eu ganhe melhor, que horário dá pra fazer o curso (Mais nunca dá...), que jeito eu posso fazer pra começar a faculdade, o que eu tenho que dizer pra me casar com o homem que eu quero...
Muitos, muitos jeitos de se fazer, muitas palavras pra se dizer. Para mudar o mundo, o meu mundo.
E dentro de mim tudo é possível e mágico e belo, ainda que seja difícil...
E quando eu to no auge dos pensamentos mais gloriosos dos finais mais românticos e sublimes e incrivelmente felizes... Eu R A C I O N A L I Z O tudo, só vejo chão duro, fatos e pedras.
E passado esse turbilhão de pensamentos e emoções, eu gozo o prazer de estar vivo e ser real.
Meu telefone toca. É uma amiga. Vamos tomar uma cervejinha...

Amanda Cellis

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Eve


O que for leve
Que se releve
Que se leve
O peso que tem de levar
Leve o peso
Que tem de buscar...

Amanda Cellis

De ser só


Eu e eu...
Eu e minha tarde
Eu e minha mesa
Minha xícara
Meu chá
Os meus eus
Juntos a cantarolar

Amanda Cellis

sábado, 16 de janeiro de 2010

Dor


Eu odeio acima e a respeito de tudo
Essa saudadezinha vazia
Esse meu coração apertado
Eu odeio...

Eu odeio a minha alegria tosca
Ao sinal de qualquer carinho
Eu odeio esperar
E ter esperança.

Odeio que não tenha fim
Odeio o coração acelerado
E sobre tudo essa falta sem sentido

Odeio o meu perdão
E qualquer lembrança
que transborde meu coração de afeto

Odeio meu contentamento de miséria
E de gostar do pouco
Ao invés do todo...

Odeio muito meu sorriso satisfeito
Por um gesto minúsculo e simples
Odeio a ausência
e odeio gostar da presença

Odeio minha culpa
minha cisma
Odeio o que você me causa
Odeio esse amor!

Amanda Cellis

sábado, 2 de janeiro de 2010

Instante




Nada em volta de nada
nada por cima de nada
segundos
minutos
horas a nada.
Pensamento em nada
Sentimento em nada
Esperando mais nada

Nada.
Nada...

Implorando para acontecer!

Amanda Cellis