quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quietinho


Eu guardo amor em risinhos.
Em frestas de azulejos.
Em gavetas de criado mudo
e escrivaninhas...

Eu guardo amor em frasquinhos.
Em caixinhas...
Guardo amor em vãos de porta.
Nos espacinhos do teclado.

Eu guardo amor em palavras escritas,
e algum amorzinho escapa em palavras ditas...
Eu guardo no vão dos dedos.
Em baixo das unhas...

Eu guardo amor em caixinhas de fosforo.
Em garrafas de cerveja...
Em piadinhas irónicas.
Eu guardo amor no piscar de olhos
Em relance, em rabo de olho...

Pouca gente vê.
Mais ele está lá.


Amanda Cellis

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

O crime


Os criminosos se olham culpados
por cometer um crime irresistível
Ele carrega um ar receoso
E ela um coração dilacerado...

Mas o sorriso se mantem lascivo e libidinoso
As palavras saem miúdas e regradas
Para o crime não ser descoberto
O ar, o som, o tom, o riso, o olho
Tudo os delata....

Os criminosos se olham culpados
Por gostar de friozinho na barriga
E coração acelerado...
Por tornar a vida uma aventura
Por ceder a suas paixões
E as suas vontades

Os criminosos se olham...
Descarados.

Amanda Cellis